Há famílias açorianas burladas em milhares de dólares por documentos

Presidente do Centro de Apoio ao Imigrante de New Bedford alerta para situações de fraude que lesaram famílias de emigrantes açorianos em milhares de dólares.



Há famílias açorianas burladas em milhares de dólares, devido a esquemas ilegais para legalizarem a sua situação nos Estados Unidos daAmérica. A denúncia é feita ao Açoriano Oriental por Helena da Silva Hughes, presidente do Centro de Apoio ao Imigrante de New Bedford.

Há 41 anos a trabalhar nas migrações, Helena da Silva Hughes é uma profunda conhecedora da realidade da emigração açoriana. Em entrevista ao jornal, a presidente do Centro de Apoio ao Imigrante de New Bedford deixa um sério aviso às famílias que se encontram ilegais no país -  que só naquela cidade estima que sejam mais de mil - para não caírem no “conto do vigário”, lembrando que “não há maneira nenhuma” dos emigrantes ilegais se legalizarem.

Dos esquemas de advogados que prometem o tão sonhado green card, até às mais recentes redes, em que até há açorianos envolvidos. “Uma das coisas que me preocupa muito é que eu sei que as pessoas estão com esta ansiedade de adquirir documentos, que infelizmente começam a arranjar pessoas que não sabem nada e que apenas estão a cometer fraude. Sei que, isto é até triste, mas é a realidade que estou a ver já há um ano e tal, e agora cada vez está pior. Por exemplo, há uma organização em Blotten, que é uma cidade muito perto de New Bedford, em que uma senhora de Rabo de Peixe, que também está ilegal, e  que está a enviar as famílias para um local onde lhes prometem uma carta de permissão para trabalho ao abrigo do exílio”.

O problema, diz Helena, é que Portugal não tem qualquer acordo de exílio com os Estados Unidos da América.

“O problema é que o Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla inglesa) está a fazer uma grande investigação em Blotten, e há centenas de famílias portuguesas que pagaram 6 e 12 mil dólares para fazerem parte deste processo de auxílio, e essas informações estão todas com os serviços do Estado”.

Apesar do maior período de deportações se ter verificado durante o primeiro mandato do democrata Barack Obama (“ele quis mostrar aos republicanos que era ‘tough on imigration’), a volatilidade de DonaldTrump é algo que preocupa. “Temos pessoas com receio de renovarem o green card, para não alertarem o ICE”, diz, explicando que, uma das grandes diferenças entre a realidade vivida atualmente com a do passado é a facilidade com que os agentes do ICE  podem abordar um imigrante na rua. “Antes, uma pessoa só poderia ser detida por agentes de imigração se eles se fizessem acompanhar por um mandado assinado por um juiz”.

Apesar de tudo, a América continua a ser o El Doradopara muitos. E para esses, Helena da Silva Hughes deixa um conselho importante: “Para as pessoas que estão a pensar em visitar os Estados Unidos, por favor, não ultrapassem os 90 dias, não mintam. Porque isso é um crime e o ICE não perdoa”.

Sobre casos semelhantes ao de Vera Ponte, a presidente do Centro de Apoio ao Imigrante de New Bedford diz que conhece mais de 20 famílias que já regressaram ou estão em vias  de o fazer.

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