Os Açores passaram a ter mais 21 mil e 67 automóveis de todas as tipologias a circular em apenas quatro anos, entre 2019 e 2023, sendo que destes, 16 mil e 419 são viaturas ligeiras de passageiros.
Em 2019, havia 161 mil 767 automóveis de todas as tipologias a circular nos Açores, tendo este número subido para 182 mil e 834 em 2023. Aliás, na comparação entre 2022 e 2023, os Açores registaram mesmo a terceira maior subida distrital a nível nacional no número de automóveis a circular (3,7%), apenas atrás da Madeira (5%) e de Faro (4,3%), sendo curiosamente estas duas das principais regiões turísticas de Portugal.
Os números constam da publicação ‘Parque Automóvel Nacional’ do Serviço Coordenador dos Transportes Terrestres da Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas. E baseiam-se na informação fornecida pela Autoridade de Supervisão de Seguros e de Fundos de Pensões (ASF), sendo estes os dados que permitem com maior fiabilidade e rigor caracterizar o parque automóvel a nível nacional e regional, atendendo à obrigatoriedade de existência de seguro de responsabilidade civil automóvel.
Refira-se que os Açores apresentam igualmente um parque automóvel mais novo do que a percentagem média do parque automóvel nacional, sobretudo nos automóveis até cinco anos. A ilha de São Miguel tem 52,2% do parque automóvel dos Açores e havia 81 mil e 445 viaturas ligeiras a circular com seguro na maior ilha açoriana em 2023, com um aumento de 9 mil e 820 viaturas face aos ligeiros a circular em 2019. E só no Concelho de Ponta Delgada, o mais populoso dos Açores, havia 46 mil e 450 veículos ligeiros a circular com seguro em 2023, com um aumento de 5 mil viaturas face a 2019.
Questionado pelo Açoriano Oriental sobre quais as principais razões para este aumento, o presidente da direção da Associação Ecológica Amigos dos Açores, Diogo Caetano, afirma que “as políticas públicas têm privilegiado a utilização do transporte ligeiro, e na ilha de São Miguel, grosso modo, há mais que um veículo por cada dois residentes”.
Para Diogo Caetano, esta situação “é resultado de um conjunto de fatores dos quais se deve destacar a insuficiência e falta de ajuste dos transportes públicos às necessidades atuais dos locais e turistas”, lembrando que o “aumento de viaturas por agregado familiar surge por aumento de qualidade de vida, mas também pela falta de soluções eficientes de transporte coletivo, dados os horários de trabalho cada vez mais diferenciados, entre outros”.
O presidente da associação Amigos dos Açores lamenta ainda que “a atual oferta de transportes públicos pouco serve a quem nos visita, potenciando a procura de viaturas de aluguer. Com a estadia média de três noites, se fôssemos turistas e quiséssemos conhecer a ilha, dificilmente optaríamos por solução coletiva”.
Com o crescimento atual do parque automóvel, haverá necessidade de regular o aluguer de automóveis nos Açores e, em particular, na ilha de São Miguel? Para Diogo Caetano, “acima de tudo, carecemos de ofertas alternativas ao veículo de aluguer e sem entender que isso seja uma ameaça ao setor, mas sim de complementaridade”, considerando que “não nos parece fazer sentido que não possa ser feita, por exemplo, uma atividade autónoma de meio-dia ou dia inteiro nas Furnas ou Sete Cidades através de transportes públicos eficientes”.
Além disso, acrescenta o presidente da associação Amigos dos Açores, “a operacionalização do TVDE tardou pela proteção dos taxistas, mas não tendo sido criadas dinâmicas adaptadas aos tempos, deverá ter resultado um aumento de viaturas de aluguer”.
Será, portanto, necessário mais estacionamento e
transportes públicos, particularmente na ilha de São Miguel, face ao
aumento do número de turistas nos últimos anos?
Para Diogo Caetano,
“é urgente a criação de mais estacionamento periférico às cidades
servido por uma rede eficiente de transporte coletivo, com baixo custo
para os utilizadores, pelas vantagens que essa utilização poderia
trazer”.
O presidente da direção da Associação Ecológica Amigos dos Açores afirma ainda que “carecemos de soluções de transporte coletivo que sirvam os locais e possam ser vistas por quem nos visita como um produto agregador e seguro na descoberta de cada ilha”.
E Diogo
Caetano conclui, afirmando esperar “profundas novidades do concurso
público recentemente lançado pelo Governo Regional”.