Zonas balneares ainda sem vigilância no arranque da época

A época balnear já teve início em vários concelhos de São Miguel, mas algumas zonas balneares permanecem ainda sem vigilância. A Ferraria, as Poças Sul dos Mosteiros e a Praia dos Mosteiros são alguns dos locais onde a presença de nadadores salvadores está prevista apenas para datas posteriores ao arranque oficial da época




A época balnear nos Açores já teve início em vários concelhos de São Miguel, mas algumas zonas balneares ainda estão sem vigilância. Destaca-se a zona balnear da Ferraria, que só deverá contar com nadadores-salvadores a partir de 1 de julho, as Poças Sul dos Mosteiros, onde a vigilância tem início hoje, e a Praia dos Mosteiros, que contará com vigilância a partir de 20 de junho.

“As praias do concelho de Ponta Delgada e as praias do concelho da Ribeira Grande iniciaram todas no dia 1 de junho, sendo que algumas ainda se encontram sem vigilância”, afirmou o Capitão do Porto e Comandante-local da Polícia Marítima de Ponta Delgada e Vila do Porto, Marques Peiriço, em declarações ao Açoriano Oriental. 

“No concelho da Ribeira Grande não há qualquer problema. Na Lagoa, duas das zonas balneares já iniciaram no dia 7 de junho, sendo que a época balnear na Baixa da Areia só vai arrancar a 5 de julho”, uma vez que a praia se encontrava “sem areia”, explicou.

Nos restantes concelhos, a época balnear arrancou a 13 de junho em Vila Franca do Campo, e ontem na Povoação.

De acordo com Marques Peiriço, todas as praias que não têm nadadores salvadores estão devidamente sinalizadas com placas de “praia não vigiada”.

Questionado sobre a falta de nadadores salvadores na Região, Marques Peiriço disse não poder confirmar se existe escassez de profissionais. 

“O que me têm apresentado é que têm tido algumas dificuldades de contratação. Até 23 de maio de 2025, data em que foi feita a última atualização, havia 4380 nadadores salvadores certificados no país. Portanto, não podemos dizer que não há nadadores salvadores”, referiu, sublinhando que a contratação é da responsabilidade dos concessionários ou entidades gestoras das zonas balneares.

Durante a época balnear, a Autoridade Marítima conta com uma viatura equipada com material de primeira intervenção e dois nadadores salvadores para reforçar a vigilância em praias não vigiadas. 

“Temos também uma estação salva-vidas e pessoal da Polícia Marítima sempre disponível para atuar”, sublinhou. 

Segundo o comandante, o arranque oficial da época balnear tem vindo a ser preparado com antecedência, com a prioridade centrada na sensibilização da população. 

“A Autoridade Marítima e a Marinha têm implementado como prioridade a sensibilização para a adoção de comportamentos defensivos, não se expondo necessariamente a riscos”, realçou.

O Capitão do Porto reforçou ainda a importância de frequentar zonas balneares vigiadas. “No ano passado, felizmente, nos Açores, não tivemos mortes por afogamento, mas os incidentes de possíveis afogamentos ocorreram todos em zonas não vigiadas”, salientou. 

Marques Peiriço alertou também para os perigos dos agueiros e para a relevância de saber como agir nestas situações: “Os banhistas, quando forem apanhados por um agueiro, devem manter a calma, tentar flutuar e não nadar contra a corrente (…) O importante é nadar paralelamente à costa ou ao favor das ondas até sair da corrente”. 

Conforme revelou, até agora, este ano já se registaram cinco acidentes nas praias, “tudo traumatismos ou escoriações”, sem registo de acidentes fatais. Refira-se que na época balnear de 2024, foram contabilizadas 95 ocorrências nos Açores.

Marques Peiriço apelou à prudência dos banhistas, indicando que devem frequentar praias com vigilância.

“As pessoas têm que ter posturas defensivas. Além disso, devem manter permanentemente a vigilância sobre as crianças, respeitar a sinalização das bandeiras e das praias”, afirmou. 

O responsável aconselhou ainda que, em caso de avistamento de alguém em dificuldades num agueiro, não se entre na água, mas se peça ajuda ao nadador salvador ou se ligue para o 112. Acrescentou também que devem ser seguidas as orientações dos nadadores salvadores, dos agentes da autoridade e dos elementos que reforçam a vigilância das zonas balneares.

ANSCN alerta para atrasos nos concursos públicos das zonas balneares

Marco Medeiros, coordenador da Associação de Nadadores Salvadores da Costa Norte (ANSCN), deixou um apelo aos municípios para que lancem com maior antecedência os concursos públicos para vigilância das zonas balneares.

“Queria deixar uma chamada de atenção aos municípios, [para que] ao efetuarem os concursos, tenham atenção ao tempo de divulgação”, afirmou, sublinhando que “é muito complicado para uma associação ter capacidade de resposta, se o concurso foi lançado em maio e as praias vão abrir em junho”.

Marco Medeiros explica que, esta situação é “complicada” para a associação, porque ficam “sem resposta para dar aos nadadores salvadores” e indicou que têm de ficar “a aguardar” até que os concursos saiam, mas vincou que os nadadores salvadores têm de “arrancar para a praia daqui uma semana ou duas”. 

“Não somos uma mão-de-obra com maquinaria parada no armazém para pôr a trabalhar”, realçou, reforçando que “os nadadores salvadores querem uma resposta imediata para saber se têm trabalho ou não”.

Como solução, propõe que “os concursos públicos [sejam lançados] a partir de janeiro para dar a resposta final em março”. Desta forma, “temos três meses para saber se vamos dar formação a novos nadadores salvadores e saber se vamos solicitar mais nadadores salvadores”. 

Sobre a época balnear na costa norte, Marco Medeiros referiu que decorre “nas condições propostas pelo município. (...) Todas as praias estão abertas e têm os nadadores salvadores efetivos”.

Atualmente, o concelho da Ribeira Grande conta com 50 nadadores salvadores, número que poderá subir até 60 durante o verão. “Outros nadadores salvadores chegarão em julho”, revelou, adiantando que a ANSCN não tem tido dificuldades na contratação de nadadores salvadores”.

Entre as ocorrências mais comuns na costa norte durante a época balnear, Marco Medeiros destacou os acidentes relacionados com a prática de surf e com turistas que se aproximam excessivamente da linha de água.

“As ocorrências mais frequentes estão relacionadas com acidentes de surf, devido ao crescente número de turistas interessados em experimentar esta atividade”, explicou.

Adicionalmente, Marco Medeiros apontou que há situações com turistas que chegam em grupos de autocarros e “querem tirar fotografias à beira-mar, ao pé das rochas, muito perto da zona da água. Alguns têm determinada idade e alguma mobilidade reduzida, às vezes caem e fazem umas ligeiras feridas”.

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