Para o técnico superior da autarquia picarota, estas embarcações que outrora caçaram gigantes do mar não devem ser olhados como algo turístico. E esse é, igualmente, um dos motivos que o levaram a encetar esta empreitada.
“Eu tenho muito orgulho em dizer aos turistas e às pessoas de fora, que não há nada turístico sobre os botes. Porque a maior parte das pessoas espera que isto tenha se transformado numa forma de ganhar dinheiro. Os botes são utilizados nos Açores, para enorme orgulho meu, como cultura, como desporto e como educação. São utilizados pelos locais para treino, aprendizagem. E eu não gosto da ideia de isto ser transformado em algo turístico”.
Por isso, refere, em última análise esta recuperação do Nossa Senhora de Fátima é uma homenagem ao que significam os botes baleeiros para a Região, mas também uma forma de mostrar, aos locais, aos de fora, a quem se interessar, a versão mais verdadeira destas embarcações.
“Acreditando que o bote tem mérito e que tem um valor incrível como símbolo dos Açores e do Pico - e que não está a ser convenientemente divulgado - eu tenho um certo receio que seja feito de uma forma... Não vou dizer errada, mas não da melhor forma. Eu tenho capacidades, pela experiência passada, de mostrar o bote baleeiro, não numa versão aguadilha, não numa versão comercial, turística, mostrar o bote baleeiro em todo o seu esplendor, porque eu sou um fã incondicional dos botes e tenho um respeito infinito pela embarcação”.
Filipe Fernandes destaca o papel que o município das Lajes do Pico tem tido na promoção, na região e além fronteiras, do bote baleeiro, concretizado na candidatura da embarcação ao Inventário Nacional de Património Cultural e Material, no dia 21 de junho.
“Sou
um defensor de que o bote baleeiro açoriano tem mérito para ser um
grande símbolo e um ícone dos Açores, e de uma forma muito especial da
Ilha do Pico, ou mais especial ainda das Lajes do Pico, que é um
concelho onde a baleação atingiu proporções especiais”.