“A sociedade no geral e a política em particular, habituaram-se a viver num paradoxo constante em relação à SATA: pensam nela como omnipresente e omnipotente, mas queixam-se permanentemente da sua existência”, referiu o sindicato em comunicado.
Segundo o SINTAC, no discurso atual, “se um voo da SATA cancela, é um problema sério; se houver nevoeiro e a operação parar um dia, a região para, mas, na generalidade dos discursos, os políticos defendem que a SATA pode fechar”.
“Se os trabalhadores fazem greve, por melhores salários e melhores condições de trabalho, há um debate aceso sobre a SATA não poder parar, por ser um pilar insubstituível na economia da região, exigem-se serviços mínimos acima do que é razoável pedir, mas de seguida muitos políticos continuam a defender que a SATA pode fechar”, acrescentou.
A direção do sindicato faz, na nota, o exercício de pensar os Açores sem a SATA, referindo que, tal como hoje se discute diariamente o fecho de maternidades e serviços hospitalares no continente português, se a companhia aérea fechar, “significa que também param os cuidados de saúde em muitas ilhas”.
“Muitos doentes e grávidas ficam sem a assistência que precisam, os medicamentos começam a não chegar a todos os sítios”, prossegue.
Também significa que os estudantes “deixam de poder prosseguir os seus estudos longe de casa, que os bens deixam de chegar a todos os sítios, de todas as ilhas, que os hotéis e alojamentos deixam de encher, que os restaurantes e as empresas de aluguer deixam de ter clientes, etc.”.
“Até os políticos, que defendem que a SATA pode fechar, ficam sem meios para se movimentarem entre os valiosos eleitores”, vaticina o SINTAC.
Assim, o sindicato pede aos políticos que “passem a tratar a SATA e os seus trabalhadores com o respeito que merecem e expliquem aos eleitores que se a SATA fechar passam a ter de providenciar em todas as ilhas, todos os serviços, para que todos os açorianos tenham acesso ao mesmo tratamento e às mesmas oportunidades”.
Para a estrutura sindical, a SATA é “o melhor instrumento de equilíbrio entre as ilhas”.
A “falta de desenvolvimento harmónico e as profundas desigualdades entre as várias ilhas só se atenuam com a mobilidade que a SATA proporciona”, salienta.
Para a direção do SINTAC, a empresa “precisa é de políticos competentes, que nomeiem gestores competentes e que deixem de se servir da SATA para os seus objetivos político-pessoais”.
O grupo SATA tem um conselho de administração presidido por Rui Coutinho, que assume a gestão das companhias aéreas SATA Air Açores (responsável pelas ligações interilhas) e Azores Airlines (que opera dos Açores para o exterior).
Na quarta-feira, o secretário regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública admitiu que, se a privatização da Azores Airlines não tiver sucesso, a companhia terá de ir para insolvência, o que poderá custar mais de 300 milhões de euros.
Os tripulantes de cabine da SATA Air Açores vão estar em greve de 18 a 24 de julho, reivindicando uma valorização salarial e melhores condições de trabalho a bordo das aeronaves.
SINTAC pede a políticos que tratem SATA e trabalhadores com “respeito que merecem”
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) pediu aos políticos açorianos que tratem a companhia aérea SATA e os seus trabalhadores com o “respeito que merecem”, após saber que “muitos defendem que pode fechar”

Autor: Lusa/AO Online