Mais de 300 pessoas vão reunir-se na Aldeia da Esperança em São Jorge

Encontro de cinco dias na Caldeira da Fajã do Santo Cristo junta jovens dos Açores e do continente, assinalando o Jubileu Jovem da Diocese de Angra. Num “paraíso terrestre”, pretende-se que os jovens possam ser “família” e que, através do contacto com a natureza, “possam chegar a Deus”, explica o padre João da Ponte, assistente do Serviço à Juventude



A paradisíaca Fajã da Caldeira do Santo Cristo, na ilha de São Jorge, vai acolher na próxima semana, entre segunda e sexta-feira, dias 21 a 25 de julho, o Jubileu Jovem da Diocese de Angra, numa Aldeia da Esperança - assim ela se irá chamar -  que vai reunir mais de 300 pessoas, entre jovens dos 15 aos 30 anos e voluntários que irão ajudar na organização deste encontro. 

Potenciar a interação entre os jovens, num tempo tão marcado pelo isolamento proporcionado pelas dependências dos telemóveis e das redes sociais  e aproximá-los da espiritualidade é um dos grandes objetivos desta Aldeia da Esperança. 

Conforme afirma em declarações ao Açoriano Oriental o padre João da Ponte, assistente do Serviço à Juventude da Diocese de Angra e também pároco nas Sete Cidades, na Várzea e nos Mosteiros, na ilha de São Miguel, a Aldeia da Esperança procura seguir o exemplo dos encontros realizados pela comunidade ecuménica de Taizé, de origem francesa, que reúne periodicamente jovens de diversas confissões religiosas.

O projeto da Aldeia da Esperança nasceu há um ano no Conselho Pastoral Diocesano “e pensou-se na Caldeira do Santo Cristo, em São Jorge, porque é realmente um paraíso terrestre”, explica o padre  João da Ponte, “uma fajã onde os jovens poderiam fazer esta experiência de serem família, esta experiência de interajuda e esta experiência de encontro com eles mesmos para, através contacto com a natureza e com a Criação, poderem chegar a Deus”. 

Presentes em São Jorge, irão estar jovens de todas as ilhas, com a exceção da Graciosa e do Corvo, sendo inclusive de registar a presença de alguns jovens do continente português neste encontro.

Na Aldeia da Esperança irão decorrer várias atividades religiosas, nomeadamente a celebração da missa ou os momentos de oração, mas haverá igualmente vários outros momentos que têm como objetivo “criar pontes  entre os próprios jovens que se desinstalam da sua casa, dos seus ambientes diários e vão em busca de algo”, afirma o padre João da Ponte, salientando: “não teremos o conforto que temos nas nossas casas, mas teremos o essencial”.

Refira-se igualmente que durante os cinco dias da Aldeia da Esperança serão realizados trilhos na zona da Fajã da Caldeira do Santo Cristo, da Fajã dos Cubres e da Serra do Topo, “que marcarão o peregrinar destes jovens”, afirma o assistente do Serviço à Juventude da Diocese de Angra. Isto para além da realização de oficinas, “que serão um convite aos jovens a entrarem dentro de si mesmos e a fazerem uma certa introspeção”. E ainda do exercício físico, que salienta o cuidado a ter com o corpo, com a mente e com o Todo que faz a pessoa.

O padre João da Ponte destacou ainda a figura de dois jovens canonizados, Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati, sendo Carlo Acutis o patrono dos adolescentes e Pier Giorgio Frassati o patrono dos jovens. 

E conforme recorda o assistente do Serviço à Juventude da Diocese de Angra, “estas duas figuras estarão presentes ao longo de todo o encontro, mas de um modo muito particular, numa oficina que está a ser preparada para que os jovens vejam que a santidade está ao alcance de todos.” 

E conforme conclui o padre João da Ponte, “até mesmo os Santos usam calças de ganga, têm telemóveis e jogam os jogos que os jovens de hoje realizam em cada dia, sendo capazes de interagir num ambiente atual, caminhando connosco”. 

A Igreja tem  de estar “atenta” e “redobrar a atenção” diante dos anseios dos jovens

Com as incertezas do mundo atual, estarão os jovens a reaproximar-se da Igreja? 

Em declarações ao Açoriano Oriental, o padre João da Ponte, assistente do Serviço à Juventude da Diocese de Angra, reconhece em resposta a esta questão sentir “que os jovens têm sede e fome de algo mais. Podem não se conseguir exprimir, podem muitas vezes não saber o que é este algo mais, mas num mundo marcado por muita oferta, eles sentem uma ânsia, um desejo interior de algo diferente”. Um sentimento que abrange até jovens que do ponto de vista profissional estão muito bem, “mas sentem que há algo mais, têm necessidade de algo mais”.

Conforme alerta o padre João da Ponte, “podemos olhar para os jovens como sendo mais um na grande massa”, mas essa seria uma perspetiva errada, porque  “nós e eles não somos mais um. Somos pessoas únicas e irrepetíveis, com rosto, nome e uma história”. 

Por isso, afirma o assistente do Serviço à Juventude da Diocese de Angra, “a Igreja tem de fazer este caminho com os jovens, tem de estar atenta e tem de redobrar a sua atenção diante dos seus anseios”, porque, conclui, “não estamos numa época de grandes massas, mas estamos numa época de pequenos grupos que querem caminhar, de pessoas que anseiam por um mundo melhor, que desejam algo diferente” e que podem ser “fermento” para os outros.

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