Espanha decretou um bloqueio de compra e venda de armas a Israel na sequência da operação militar de Telavive no território palestiniano da Faixa de Gaza, em resposta a um ataque do grupo islamita Hamas de 07 de outubro de 2023 que visou o sul do território israelita.
Segundo um relatório divulgado pela ONG espanhola Centro Delàs, feito com base em dados oficiais públicos dos dois países, houve 134 operações e compra e venda de armas entre Israel e Espanha desde 07 de outubro de 2023.
Foram, segundo os cálculos da organização, 46 contratos de compra adjudicados pelo Governo espanhol a empresas israelitas, a par de 88 envios de material desde Espanha para Israel.
A ONG acrescenta, no mesmo relatório, que os dados publicados pelos dois países não coincidem e que detetou "incongruências" quando os comparou.
Como exemplo, refere que Israel declarou 88 importações desde Espanha com o "código 93", que corresponde a armas e munições, num valor de 5,3 milhões de euros, cinco vezes mais do que as exportações declaradas por Espanha.
Os 46 contratos adjudicados por Espanha a empresas israelitas ascendem a um valor de 1.044 milhões de euros e, ressalva a ONG, uma dezena estavam por concretizar quando foi concluído o relatório.
Numa conferência de imprensa hoje em Madrid, dois elementos da ONG e a ativista Nadwa Abu Gazala, da Rede Solidária contra a Ocupação da Palestina (RESCOP), acusaram o Governo de Espanha de manter contratos com a indústria militar israelita e também de facilitar as exportações da indústria de defesa espanhola para Israel.
Para estas organizações, o Governo de Espanha lançou ainda "uma campanha de desinformação" sobre esta questão "para enganar a população".
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, assegurou hoje no parlamento nacional que, juntamente com a Irlanda, Espanha "é o único país da Europa que decidiu paralisar tanto a venda como a compra de armamento a Israel desde o início da ofensiva em Gaza" e continua a respeitar esse compromisso.
Sánchez garantiu que os contratos referidos pelas ONG e partidos da oposição são mal interpretados e divulgados com imprecisões, estando em causa não a compra ou venda de armas, mas outro tipo de material, como coletes antibala, para as forças de segurança, ou componentes “absolutamente imprescindíveis” para a reparação e manutenção de equipamentos das polícias e forças armadas espanholas.
Sobre o relatório de hoje do Centro Delàs, o líder do Governo afirmou que contém igualmente dados imprecisos porque aquilo que está em causa são "exportações temporárias" para reparações de equipamentos das Forças Armadas que não podem ser feitas em Espanha.
Assim, garantiu, são equipamentos enviados para Israel que regressarão a Espanha após a reparação, sem que sejam materiais para uso do exército ou do Estado israelitas.
"Espanha foi e continua a ser dos países mais comprometidos com a paz no Médio Oriente e com o futuro da Palestina", sublinhou.