Nova exposição do CCC inspira-se nos murais dos portos da Região

Inspirada nos murais que cobrem os portos dos Açores, a exposição “Ponto de Partida” está patente no Centro Cultural da Caloura até ao final de maio. Com direção artística de Inês Jacinto, a mostra organiza-se em torno de três núcleos e integrou a programação do Tremor.



Inspirada nos murais que cobrem os portos açorianos, está patente no Centro Cultural da Caloura (CCC), até ao final de maio, a exposição “Ponto de Partida”.

Com direção artística de Inês Jacinto, esta exposição inspira-se nesses murais, que, “feitos de marcas de passagem, inscrições de viajantes e testemunhos de travessias, transformam os portos marítimos em verdadeiros museus a céu aberto”. Com esta base a mostra parte da coleção do CCC, organizando-a em torno de três núcleos: “A Ilha”, “O Património” e “A Deriva”.

“A exposição adota um conceito curatorial que enfatiza a insularidade e a deriva, temas centrais do projeto. As obras são expostas de forma irregular, organizadas em núcleos que criam composições entre si, explorando o espaço negativo e estabelecendo diálogos entre os traços estéticos e de significado”, é revelado em nota enviada ao Açoriano Oriental.

Neste contexto, o primeiro núcleo, denominado “A Ilha”, explora a tensão entre isolamento e abertura, refletindo um ponto geográfico inerente ao artista, que inevitavelmente extrai do seu contexto um ponto de partida.

O segundo núcleo, “O Património”, questiona como a memória molda novas interpretações. “Não é um lugar fixo, mas um campo de referências herdadas que se tornam matéria viva para novas narrativas”, é explicado.

A finalizar, “A Deriva” abre espaço para a incerteza. “Um território de especulação e liberdade, onde novas perceções e interpretações emergem. É neste descompromisso que encontramos o ponto de partida para diversas linguagens e temáticas, revelando múltiplos resultados de processos criativos”, é realçado.

Esta exposição integrou a programação do festival Tremor, dando a conhecer este espaço e o seu espólio também ao público do evento.

Neste contexto, para além da exposição, o CCC organizou também a mesa-redonda “Caudal” – uma conversa sobre cultura emergente – que procurou expandir o debate para além das obras em exibição.

O evento foi moderado por Maria Emanuel Albergaria (antropóloga e membro da equipa do Plano Nacional das Artes) e contou com a participação de Sofia Botelho (artista, mediadora e programadora cultural), Nina Medeiros (artista e professora), Vítor Almeida (artista e professor) e Alexandre Pascoal (diretor de produção do Teatro Micaelense).
A exposição contou ainda com a participação e ativação do Festival Tremor, através de iniciativas como visitas guiadas e concertos.

Localizado na Lagoa, o CCC é um espaço de arte, cultura e conhecimento que se dedica a celebrar o património artístico através da coleção privada de Tomaz Borba Vieira, promovendo também o desenvolvimento cultural descentralizado por meio de exposições temporárias e diversas iniciativas.

Com um acervo de mais de 200 obras, que abrange desde o século XVIII até à atualidade, a coleção inclui trabalhos de artistas de renome, colegas e amigos do fundador, sendo complementada por exposições temporárias que dão espaço tanto a novos talentos como a artistas consagrados.

Como defendido pelo seu fundador, o pintor, escritor e educador Tomaz Borba Vieira, e pelos seus associados ao longo da trajetória da instituição, o CCC contribui ativamente para a descentralização das funções culturais, tradicionalmente concentradas nos centros urbanos.

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