Luís Filipe Borges nasceu na ilha Terceira. Atualmente, vive na zona de Lisboa com a sua família, mas mantém o olhar e o coração atentos ao arquipélago dos Açores. Há cerca de 12 anos, criou a sua produtora Advogado do Diabo, mas, nos últimos sete anos, dos vários conteúdos produzidos, só um é que não foi feito no arquipélago.
O argumentista e produtor açoriano referiu que a única exceção foi ‘Quanto Mais Me Bates’, que teve duas temporadas na Sport TV, estando já a ser preparada a terceira temporada deste programa.
O principal foco do açoriano é fazer mais e melhor pela terra que o viu nascer e crescer. A primeira produção foi a série os ‘Mal Amanhados – Os Corsários das Ilhas’, que "superou todos os sonhos". Este é o projeto que deixou mais orgulhoso o terceirense – de produções próprias ou outros projetos em que se envolveu – referiu Luís Filipe Borges.
‘Work in Progress’ foi o
segundo projeto desta produtora. O objetivo principal deste programa é,
em cada episódio, dar a conhecer um artista de ilhas diferentes e de
áreas distintas. Músicos, poetisas, escritores, atrizes, fotógrafos,
artistas plásticos, entre outros, foram revelados neste programa. A
cereja no topo do bolo é o nascimento, no final de cada episódio, de uma
obra de arte, num desafio lançado aos protagonistas, deixando
imortalizado este registo. Este é um projeto que terá também uma segunda
temporada.
‘Caixa Negra – Arca de Memórias Açorianas’ foi o seu terceiro projeto realizado. Este contou com a coautoria do amigo próximo e fotógrafo Luís Godinho. A Caixa Negra é uma homenagem à terceira idade. Conta com a presença de um cidadão sénior em cada ilha dos Açores, com muita espontaneidade à mistura. Este foi um dos vencedores do projeto nacional da Caixa Cultura, uma iniciativa da Caixa Geral de Depósitos. Foi também apoiado pela Sociedade Portuguesa de Autores e foi premiado como série açoriana do ano na primeira edição dos Prémios Audiovisuais dos Açores.
‘First Date’, protagonizada pela atriz açoriana Ana Lopes e por Cristóvão Campos, foi a sua estreia na realização. Atualmente, esta comédia romântica encontra-se a percorrer o circuito dos festivais de cinema pelo mundo e conta já com várias nomeações e prémios, que semanalmente são anunciados pelo açoriano, que orgulhosamente acompanha este percurso. Todos estes projetos foram realizados por Diogo Rola, um dos mestres da nova geração na realização e na edição.
Um dos sonhos que está à espera de realizar é fazer uma versão de os ‘Mal Amanhados’ na diáspora, mas que, até agora, foi impossível por falta de financiamento.
O argumentista e produtor lamenta a falta de apoios no arquipélago ao setor do audiovisual. Segundo o próprio, há uma falta de noção sobre este setor - do que significa fazer audiovisual e o retorno que pode trazer ao arquipélago. Uma produção deste tipo de conteúdos requer uma vasta equipa, porque é impossível ter qualidade nas produções só com uma pessoa. Cada profissional é especializado na sua área - seja no vídeo, no áudio, na edição ou na gravação, por exemplo.
A série ‘Rabo de Peixe’, de Augusto Fraga, é um exemplo do retorno que a região pode ter, e que veio despertar o arquipélago para esta nova realidade e nível de produções. Luís Filipe refere que a área artística com mais potencial nos Açores é o audiovisual. Este é um retorno que chega de diversas formas - na economia local - sendo necessário investir o dinheiro das produções na restauração, nos alojamentos, em técnicos locais, elenco local - algo que, por norma, não acontece quando são realizadas várias produções neste arquipélago.
Luís Filipe Borges espera ajudar a plantar as
sementes para que, daqui a 10 anos, uma nova geração de artistas do
audiovisual possa ter a possibilidade de fazer, pelo menos, meia dúzia
de projetos por ano. Esta será uma maneira de divulgar os valores, a
identidade cultural e mais uma forma de valorização do arquipélago no
seu todo, através de séries e filmes locais.